O Mote:
A Patinagem Artística sobre rodas, desde 2018, está sofrer profundas alterações…
Na verdade, com a introdução de novos regulamentos e com a operacionalização de um novo sistema de avaliação das competições, Rollart, abriu-se um novo mundo de dificuldades e exigências, mas também de oportunidades e crescimento.
Numa primeira fase foi necessário a familiarização de novos conceitos (mais de três centenas), a compreensão dos fundamentos e da arquitetura das competições.
Portugal tem obtido em termos internacionais alguns resultados de relevância (numa ou duas
especialidades) que ao longo do tempo parece não demonstrar a consistência necessária para se afirmar no panorama mundial da PA ao longo de vários ciclos desportivos.
Olhando para a realidade portuguesa: num universo de mais oito mil patinadores federados (8 684) em 2019, a Patinagem Artística tinha 85 atletas com mais de 21 anos (fonte: RC da FPP), ou seja 0,98% dos praticantes.
O que dizer destes números? Uma modalidade praticamente sem atletas seniores ....
Agora, com a introdução do Rollart (novas exigências físicas-motoras e técnicas) estas questões passam a ter maior pertinência, todos os agentes devem lutar contra o abandono precoce da prática desportiva .
Há, por isso, a necessidade de repensar o Modelo de formação desportiva, quer ao nível do treino de Jovens Desportistas, quer depois numa vertente de Alto Rendimento.
Em termos gerais, as evidên cias científicas apontam para modelos de formação para crianças e jovens com base no desenvolvimento a longo prazo, tendo em conta as etapas de desenvolvimento da criança com base nas faixas etárias de forma a potenciarem as “janelas de oportunidades”, ou seja, período ótimo para o treino de todas as capacidades dos atletas.
Assim, o treino com crianças e jovens tem nuances que o diferencia do treino com adultos.
A evolução da ciência, da arte, da música, assim como do rendimento desportivo deve-se fundamentalmente a um trabalho sistemático, bem estruturado a longo prazo, onde a obtenção da excelência se afigura como a condição orientadora de todo o processo (Amado, 2013).
O processo de formação desportiva dos atletas por parte de treinadores mais experientes, em função de etapas específicas e de acordo com os graus de desenvolvimento e de maturação das estruturas que suportam a performance a longo prazo, pode potenciar as possibilidades dos atletas acederem ao alto rendimento (Stafford, 2005).
Há necessidade de aprofundar os conhecimentos relativos aos modelos de formação desportiva para crianças e jovens, tanto a nível nacional como internacional específicos para a Patinagem Artística.
O nível de compreensão sobre a adequação da prática desportiva aos estágios de desenvolvimento e caraterísticas psicomotoras da criança e do jovem apresenta-se, ainda, relativamente frágil, principalmente se considerarmos as particularidades das várias especialidades e os seus efeitos no organismo. Faltam estudos específicos sobre as idades em que as crianças e jovens estariam preparados para se iniciarem numa prática desportiva sistemática e de que forma deveria ocorrer essa inserção.
O Programa da ATPA’PT do Colégio de Especialidades é uma primeira iniciativa para criar ferramentas válidas para os Treinadores da Patinagem Artística, em todas as especialidades.
Desta feita, tentamos dar uma resposta à Patinagem Artística do Séc. XXI, com a filosofia do Rollart: “quanto mais fazes, mais pontos tens…".
O/A treinador/a terá que saber ensinar o/a atleta de competição a responder pela prática: "Qual é a tua marca? Qual é o teu ranking?